Athos Bulcão

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Corpo e Organismo

A subjetividade na clínica - próximo encontro: 30/06
Cooerdenação: Léa Nemer
Tema: Corpo e Organismo

Momento III (Arnaldo Antunes)

é molhado de costas
é impermeável de bruços
é de frente e de lado de costas
um pouco mais embaixo de bruços
é como é de costas
como deve ser de bruços
fica de pé de costas
deita no chão de bruços
fecha sua couraça de costas
abre aspas de bruços
acha graça de costas
dá risada de bruços
fala no telefone de costas
escuta passos de bruços
voa no céu de costas
respira em baixo d'água de bruços
é como estar de bruços de costas
é como estar de bruços
é a mesma pessoa de costas
se transforma de bruços
fica cansado de costas
descansa de bruços
fala pelos cotovelos de costas
pensa melhor de bruços
ajoelha de costas
senta de bruços
a chuva cai de costas
os automóveis passam de bruços
já é de madrugada de costas
adormece de bruços
abre o portão de costas
anda na rua de bruços
tem certeza de costas
fica em dúvida de bruços
muda de posição de costas
não quer ficar mais de bruços
deita de costas
acorda de bruços
toma água de costas
toma sol de bruços
fica boiando no mar de costas
nada de bruços
levanta de costas
sente o peso dos braços de bruços
acorda de costas volta a dormir de bruços.

                                                     Calder, Derrier le Miroir (circus 4)


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Curso: A Subjetividade na Clínica - Tema do próximo encontro: Corpo e Organismo

" O ser humano, fisicamente, é um mamífero; e, psiquicamente, é um ser de filiação
linguística e, portanto, de adoção... A função mamífera biológica do ser humano
também existe, mas é totalmente marcada pela linguagem"
                                                                                                  Françoise Dolto

Escher, Curl-up

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Arte e Saúde

Antônio Medeiros - Músicos - acrílica sobre tela

“Quanto maior a pressão colocada numa corda de violino, menos conseguimos senti-la.
Quanto mais alto tocamos, menos ouvimos.
Quanto mais relaxados estiverem os músculos, maior a variedade de movimentos que poderemos executar. Precisamos soltar as mãos, os braços, os ombros, todas as partes do corpo, tornando-as fortes, leves e flexíveis, de modo que a inspiração possa fluir livre pelos canais da mente, dos nervos e dos músculos.
Livre do quê?
Das contrações involuntárias dos músculos voluntários, dos espasmos da vontade.
Nossos medos, nossas dúvidas, nossa rigidez se manifestam psicologicamente na forma de uma excessiva tensão muscular, que William Reich chamou de “couraça corporal”.
Se tento exasperadamente tocar, eu fracasso; se forço o toque, eu o esmago; se corro demais, eu tropeço.
Sempre que me tensiono e me defendo contra algum erro ou problema, a própria postura de defesa propicia a ocorrência do problema.
O único meio de chegar à força é a vulnerabilidade.”


                                                        Ser Criativo – o poder da improvisação na vida e na arte
                                                        Stephen Nachmanovitch



sábado, 5 de maio de 2012



"...O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética..." Freud em Escritores criativos e devaneios, 1908.




quinta-feira, 3 de maio de 2012

Curso: A Subjetividade na Clínica - Próximo Encontro: 05/05/12 - Tema: Conexões entre Arte e Saúde

“É através da apercepção criativa, mais do que qualquer outra coisa,
que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida.
Em contraste, existe um relacionamento de submissão com a realidade externa onde o mundo
em todos seus pormenores é reconhecido apenas como algo a que se ajustar ou a exigir adaptação”.
                                                                 (Winnicott)